Boletim de Conjuntura: economia do Distrito Federal avança 1,8% no terceiro trimestre do ano

Economia do Brasileira

A leitura dos dados do PIB mostra uma expansão de 1,2% da atividade no terceiro trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano anterior.

Pelo lado da oferta, esse resultado se manifestou em todos os grandes setores, apontando avanço de 1,0% nos serviços, 2,1% na agropecuária e 1,0% na indústria. Pelo lado da demanda, destaque para os aumentos do investimento (2,9%) e do consumo das famílias (1,9%), que superaram a queda do consumo do governo (-1,4%), e das Exportações (-5,5%).

Gráfico 1 – Crescimento do Produto Interno Bruto – 3T2019 – Taxa Trimestral – Variação (%)

*As importações entram no cálculo do PIB com sinal negativo.
Elaboração: Gecon/Dieps/Codeplan com dados do IBGE.

A mediana das expectativas de mercado, porém, ainda aponta para um crescimento do PIB em 2019 pouco acima de 1,10%, revisada para cima desde o último boletim trimestral, quando estava em 0,8%.

O mercado de trabalho reflete o quadro da economia, com taxa de desemprego ainda elevada, atingindo 11,8% no trimestre de julho-agosto-setembro de 2019, porém estável em relação ao mesmo período do ano anterior (11,9%). Esse valor é o menor registrado no ano de 2019.

No que diz respeito aos preços, o IPCA segue bem controlado no ano. Em grande medida, este movimento refletiu o comportamento dos grupos alimentação e bebidas, habitação e transportes. Cabe notar que as medidas de núcleo também seguem comportadas, com evolução em geral modesta.


Economia do Distrito Federal

A leitura do Idecon-DF apresenta quadro favorável no terceiro trimestre. Na comparação com o mesmo trimestre de 2018, houve avanço de 1,8% do indicador.

Gráfico 2 – PIB-Brasil e Idecon-DF – 1T2015 a 3T2019 – Taxa Trimestral – Variação (%)

Fonte: IBGE e Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

No que diz respeito aos grandes setores da atividade, a Agropecuária variou 1,4%, os Serviços, 1,8% e a Indústria mostrou importante variação positiva de 1,4%. O destaque vai para o desempenho da construção civil, que apontou seu melhor resultado desde junho de 2013.

Gráfico 3 – Idecon-DF – 3T2019 – Setores de atividade econômica – Taxa Trimestral – Variação (%)

Fonte: Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan ¹Extrativa mineral e Eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana. ²Alojamento e alimentação; Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares; Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços; Educação e saúde mercantis; e Serviços doméstico; Transporte, armazenagem e correio e Atividades imobiliárias.

As pesquisas setoriais, divulgadas pelo IBGE, trazem resultados ambíguos quanto ao comportamento dos três primeiros trimestres de 2019. A Pesquisa Mensal do Comércio Ampliada (PMC), por um lado, aponta variação positiva de 3,0% no volume do comércio varejista ampliado no acumulado até setembro. Pelo outro, a Pesquisa Mensal dos Serviços (PMS), registrou retração de -1,9% no período, comparado ao resultado de -0,8% até junho, destoando do resultado positivo identificado no Idecon-DF.

Entre os indicadores auxiliares se destaca a expansão do saldo de crédito a pessoas físicas, que continuou no terceiro trimestre e que influencia o consumo das famílias no Distrito Federal. Como pontos negativos, cita-se a retração das exportações do DF, especialmente da indústria de baixa tecnologia e da cultura de soja.

Gráfico 4 – Saldo das operações de crédito (R$ valores a preços de setembro de 2019) – pessoas físicas e pessoas jurídicas – jan/16 a set/19 – Distrito Federal

Fonte: BCB – Séries Históricas. Elaboração: Codeplan.

A economia do DF tem mostrado, portanto, uma aceleração em sua trajetória de recuperação, com importantes aumentos do nível de atividade de alguns segmentos, como a construção e o comércio. O mercado de trabalho e o comportamento dos preços corroboram esse movimento.


Análise de Preços

No terceiro trimestre de 2019, a inflação em Brasília recuou em relação ao observado no segundo trimestre do ano – 0,26% ante 0,85%. A pressão que tem sido constante no IPCA de Brasília vem dos preços do aluguel residencial (1,48%), enquanto as passagens aéreas (-10,15%) apresentaram variação negativa no trimestre. Os outros destaques do trimestre são a energia elétrica residencial, que registrou alta de 6,22% no trimestre em função do período de seca, e o item Alimentação e bebidas (-0,69%) apresentou recuo impulsionado pela queda sazonal nos preços do tomate (-49,48%).

Gráfico 5 – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – Variação acumulada no trimestre e no ano (%) – Brasil e regiões – 3T2019

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

No acumulado em doze meses, a inflação de Brasília mostrou redução, e atingiu o nível de 2,11%, abaixo do limite inferior da meta perseguida pelo Banco Central e da inflação nacional, de 2,89%.

Gráfico 6 – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – Variação acumulada em doze meses (%) – Brasília (DF) e Brasil – setembro de 2019

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

A expectativa do mercado é que a inflação no Brasil encerre 2019 em 3,26%, valor abaixo do projetado em junho, de 3,82%, e abaixo do centro da meta definida em 4,25%. Como os núcleos seguem comportados e existe capacidade ociosa na economia, a inflação não deve ser um vetor de preocupação este ano.


Mercado de Trabalho

A leitura dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de Divulgação Trimestral (PNADCT), referentes ao terceiro trimestre de 2019, mostra um quadro mais favorável que o observado no trimestre anterior. Houve uma redução da taxa de desemprego de 13,7% para 13,2%, mesmo quando descontados fatores sazonais.

Gráfico 7 – PNADCT – Distrito Federal – 1T2016 a 3T2019 – Evolução da taxa de desocupação, com e sem ajuste sazonal (%)

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

O aumento das ocupações, no entanto, tem sido composto em grande parte pela criação de postos informais, de maneira que há ainda cautela no mercado de trabalho. A massa salarial, por sua vez, sofreu impacto da redução no número de trabalhadores no setor público, com leve diminuição do rendimento médio.

Os registros do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/ME) mostram um quadro mais otimista, com criação de aproximadamente seis mil postos formais no terceiro trimestre. O número é inferior ao observado no trimestre anterior, contudo, segmentos como Construção e Comércio continuam em trajetória expansiva, sinalizando um bom ambiente de consumo no Distrito Federal.

Gráfico 8 – CAGED – Distrito Federal – 1T2017 a 3T2019 – Saldo entre admitidos (+1) e demitidos (-1) por grandes setores e total

Fonte: CAGED/Ministério da Economia. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.


Projeções de Indicadores Econômicos

A perspectiva para o próximo trimestre no Distrito Federal é de que a trajetória de crescimento continue a ser ascendente.

Tabela 1 – Projeção do Idecon-DF para 2019 (%) – Distrito Federal – 3T2019

Fonte: Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

As projeções mostram que a economia local tende a fechar o ano com variação de 1,7%. Ao mesmo tempo, espera-se uma variação bem positiva no comércio, e que o IPCA siga controlado e termine o ano próximo de 2,75%, que é o limite inferior de tolerância da meta da inflação (4,25%) estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).