PNAD_especial: 258 mil pessoas estiveram afastadas de seus trabalho no Distrito Federal em junho

Resumo

  • Em junho de 2020, 258 mil pessoas ocupadas se encontraram afastadas de seus trabalhos no Distrito Federal. Em maio, foram 303 mil.
  • Dessas, 46,1% deixaram de ser remuneradas em função de seu afastamento.
  • A massa de rendimento real efetivamente recebido ficou 10,0% abaixo da massa de rendimento real habitualmente recebido em junho de 2020. No mês anterior, a diferença havia sido de -11,9%.
  • 22,1% da população fora da força de trabalho apontou que gostaria de trabalhar, mas não procurou trabalho por conta da pandemia.

Tabela 1 – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19 – Distrito Federal e Brasil – Junho de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.
¹ As taxas calculadas pela PNAD COVID19 são experimentais e não são compatíveis com outras pesquisas do IBGE.

Em junho de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deu início à divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19¹, que tem como objetivo monitorar os impactos da pandemia da COVID-19 no mercado de trabalho brasileiro. Com periodicidade mensal para todas as UFs, a PNAD COVID19 traz informações mais imediatas e focadas no efeito da pandemia sobre o mercado de trabalho do que os acompanhamentos regulares do IBGE, como a PNAD Contínua Trimestral. É importante destacar, porém, que o IBGE ainda classifica essas estatísticas como experimentais, devendo ser vistas com cautela e não diretamente comparadas às tradicionalmente divulgadas pelo Instituto.

Assim, o Distrito Federal apresentou, em junho de 2020, uma taxa de desocupação de 13,1%. Apesar de superior à média brasileira, esse valor serve apenas como balizador e não é comparável com outras taxas de desemprego, como a PNADCT ou a PED/DF. Mais interessante, porém, é a desagregação da população ocupada entre aqueles que foram ou não afastados² de seus trabalhos durante o período de referência. É importante ressaltar que os indivíduos que migraram para modalidades de trabalho remoto não são considerados afastados. O Gráfico 1 traz essa decomposição para a população ocupada do Distrito Federal.

Gráfico 1 – Decomposição da população ocupada, por condição de afastamento – Distrito Federal – Junho de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

Entre as 1.342 mil de pessoas ocupadas no DF em junho, 258 mil (19,2%) foram afastadas de seus trabalhos. Esses índices representam uma melhora no mercado de trabalho em relação a maio, quando foram de 303 mil e 22,4%, respectivamente. Dessas, 214 mil (82,8%) apontaram o distanciamento social como o motivo de seus afastamentos. Esse quadro de trabalhadores afastados é significante, uma vez que 46,1% – pouco menos da metade – dessas pessoas tiveram suas remunerações suspensas em função desse afastamento, prejudicando a massa de rendimento real local. Esses indivíduos adentram a estatística de pessoal ocupado sem estar exercendo função remunerada, mascarando uma taxa de desocupação mais alta.

Uma comparação entre a massa de rendimento real habitualmente recebido e a aquela de rendimento real efetivamente recebido mostra uma diferença de -10,0% no Distrito Federal em junho de 2020 (Gráfico 2). Apesar de significativa, essa diferença foi a segunda menor entre as UFs, cujo resultado mais negativo chegou a atingir -21,0% em Sergipe, e representa uma melhora em relação a maio, quando foi de -11,9% (quinta menor diferença). Essa colocação pode ser em parte atribuída à importância do setor público, de maior estabilidade, na economia distrital. Mesmo assim, o Distrito Federal e todos os estados apontaram diferenças negativas no mês, ilustrando a contração no poder de consumo da população em decorrência do novo coronavírus.

Finalmente, os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho são sentidos também fora do quadro da população ocupada. Com as barreiras adicionais à entrada no mercado de trabalho impostas pela constrição econômica resultante do distanciamento social, cresce o número de indivíduos que permanecem fora do mercado. Em junho de 2020, das 952 mil pessoas no DF que se encontravam fora da força de trabalho, 210 mil (22,1%) apontaram que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego em função da pandemia. No mês anterior, essa participação havia sido de 24,0%.

Gráfico 2 – Diferença entre massa de rendimento real habitual e efetivo – Unidades da Federação – Junho de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.


¹ https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/27947-divulgacao-mensal-pnadcovid2.html?=&t=o-que-e

² São considerados afastados os indivíduos que, por razões temporárias, trabalharam menos de uma hora no período de referência.