PNAD_especial: 160 mil pessoas estiveram afastadas de seus trabalho no Distrito Federal em julho

Resumo

  • Em junho de 2020, 160 mil pessoas ocupadas se encontraram afastadas de seus trabalhos no Distrito Federal. Em junho, foram 258 mil.
  • Dessas, 25,6%deixaram de ser remuneradas em função de seu afastamento, ante 46,1% no mês anterior.
  • A massa de rendimento real efetivamente recebido ficou 7,6% abaixo da massa de rendimento real habitualmente recebido em julho de 2020.No mês anterior, a diferença havia sido de -10,0%.
  • A taxa de participação local foi de 60,0% em julho. Em junho, esse valor foi de 61,8%.
  • 24,5% da população fora da força de trabalho apontou que gostaria de trabalhar, mas não procurou trabalho por conta da pandemia, acima dos 22,1% registrados em junho.

Tabela 1 – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19 – Distrito Federal e Brasil – Julho de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.
¹ As taxas calculadas pela PNAD COVID19 são experimentais e não são compatíveis com outras pesquisas do IBGE.

Em junho de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deu início à divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19[1], com dados referentes ao mês de maio deste ano, que tem como objetivo monitorar os impactos da pandemia da COVID-19 no mercado de trabalho brasileiro. Com periodicidade mensal para todas as UFs, a PNAD COVID19 traz informações mais imediatas e focadas no efeito da pandemia sobre o mercado de trabalho do que os acompanhamentos regulares do IBGE, como a PNAD Contínua Trimestral. É importante destacar, porém, que o IBGE ainda classifica essas estatísticas como experimentais, devendo ser vistas com cautela e não diretamente comparadas às tradicionalmente divulgadas pelo Instituto.

O Distrito Federal apresentou, em julho de 2020, uma taxa de desocupação de 13,3%. Apesar de superior à média brasileira, esse valor serve apenas como balizador e não é comparável com outras taxas de desemprego, como a PNADCT ou a PED/DF. Mais interessante, porém, é a desagregação da população ocupada entre aqueles que foram ou não afastados[2] de seus trabalhos durante o período de referência. É importante ressaltar que os indivíduos que migraram para modalidades de trabalho remoto não são considerados afastados. O Gráfico 1 traz essa decomposição para a população ocupada do Distrito Federal.

Gráfico 1 – Decomposição da população ocupada, por condição de afastamento – Distrito Federal – Julho de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

Entre as 1.299 mil pessoas ocupadas no DF em julho, 160,3 mil (12,3%) estavam afastadas de seus trabalhos. Esse índice representa uma melhora no mercado de trabalho em relação a junho, quando foram de 258 mil e 19,2%, respectivamente. Dessas, 108,3 mil (67,6%) apontaram o distanciamento social como o motivo de seus afastamentos. No mês anterior, essa proporção havia sido de 82,8%.

Esse quadro de trabalhadores afastados é significante, uma vez que 25,6% – cerca de um quarto – dessas pessoas tiveram suas remunerações suspensas em função desse afastamento. Ainda assim, esse indicador aponta uma notável melhora em relação aos dois primeiros meses da pesquisa, quando haviam sido registrados valores de 47,7% e 46,1%. Esses indivíduos adentram a estatística de pessoal ocupado sem estar exercendo função remunerada, mascarando uma taxa de desocupação mais alta e prejudicando a massa de rendimento real local.

Uma comparação entre a massa de rendimento real habitualmente recebido e a de rendimento real efetivamente recebido mostra uma diferença de -7,6% no Distrito Federal em julho de 2020 (Gráfico 2). Apesar de significativa, essa diferença foi a terceira menor entre as UFs, cujo resultado mais negativo chegou a atingir -16,2% em Sergipe, e representa uma melhora em relação a junho, quando foi de -10,0%. Essa colocação pode ser em parte atribuída à importância do setor público, de maior estabilidade, na economia distrital. Mesmo assim, o Distrito Federal e todos os estados apontaram diferenças negativas no mês, ilustrando a contração no poder de consumo da população em decorrência do novo coronavírus.

Finalmente, os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho são sentidos também fora do quadro da população ocupada. Apesar das melhores em indicadores como o número de afastados e a porcentagem de afastados que mantiveram suas remunerações, a constrição econômica resultante do distanciamento social cria barreiras adicionais à entrada no mercado de trabalho, aumentando o número de indivíduos que permanecem fora do mercado.

Em julho de 2020, das 999 mil pessoas no DF que se encontravam fora da força de trabalho, 245 mil (24,5%) apontaram que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego em função da pandemia. No mês anterior, essa proporção havia sido de 22,1%. Além disso, a taxa de participação local (a porcentagem de pessoas em idade de trabalha que estão dentro da força de trabalho, ou seja, procuraram emprego nos últimos trinta dias) caiu de 61,8% em junho para 60,0% em julho, indicando um possível desalentamento crescente  entre os brasilienses com suas perspectivas de trabalho formal.

Gráfico 2 – Diferença entre massa de rendimento real habitual e efetivo – Unidades da Federação – Julho de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

[1] https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/27947-divulgacao-mensal-pnadcovid2.html?=&t=o-que-e

[2] São considerados afastados os indivíduos que, por razões temporárias, trabalharam menos de uma hora no período de referência.