Conjuntura: desemprego e deflação marcaram economia do DF no 2º trimestre de 2020

A economia do Distrito Federal, de acordo com o Idecon-DF, teve redução de 4,2% no 2º trimestre de 2020 em relação a igual trimestre de 2019. Para o Brasil, essa queda foi ainda mais significativa, amargando uma contração de 11,4% na mesma base de comparação. A menor circulação de pessoas e as restrições impostas ao funcionamento normal de atividades comerciais para conter a disseminação da Covid-19 produziram efeitos nocivos sobre os indicadores macroeconômicos, provocando forte desaquecimento nos mercados nacional e distrital.

Gráfico 1 – Nível de atividade econômica: Evolução da taxa trimestral do PIB-Brasil e do Idecon-DF – 1T2015 a 2T2020 – Variação (%)

Fonte: IBGE e Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

O resultado desfavorável do trimestre para ambos os mercados, nacional e distrital, reflete o fato de as medidas de combate ao novo coronavírus terem vigorado ao longo da maior parte do período em análise. Contudo, é preciso atentar para o fato de que a pandemia afetou de forma diferente os segmentos produtivos. Enquanto a Agropecuária experimentou um crescimento, por não ter sido o alvo direto dessas ações, os setores industrial e de serviços apresentaram contração significativa dada a paralisação, total ou parcial, das suas atividades.

Gráfico 2 – Nível de atividade econômica: Variação Trimestral (%) por Segmentos de Atividade Econômica – Brasil e Distrito Federal – Trimestre em relação ao mesmo trimestre no ano anterior – 2T2020

Fonte: IBGE e Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Atividade Econômica do Distrito Federal

O cenário adverso manifesta-se também nas Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), que detalha uma redução de 10,5% no acumulado do ano no comércio varejista ampliado do DF. Apenas estabelecimentos que comercializam produtos de primeira necessidade observaram uma alta no período, como é o caso de mercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+7,7%), artigos farmacêuticos, médicos, etc (+2,2%).  A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), por sua vez, sinaliza uma contração de 8,8% acumulada de janeiro a junho de 2020. A performance negativa foi puxada pelos Serviços prestados às famílias (-37,9%) e pelo segmento de Transportes (-20,3%), que tiveram tanto a sua oferta quanto a demanda prejudicadas pelas medidas de combate a Covid-19.

Gráfico 3 – Variação do volume de serviços (PMS) e do volume do comércio varejista ampliado (PMC) acumulado no ano – Distrito Federal – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

O momento também foi marcado por uma maior captação de crédito pelas pessoas físicas e jurídicas, possivelmente aproveitando as consecutivas reduções da taxa de juros de referência da economia brasileira, a Taxa Selic. Isso representa um aumento dos recursos disponíveis para consumo e investimentos, o que estimula o nível de atividade econômica local.

Gráfico 4 – Saldo das operações de crédito (R$ valores a preços de julho de 2020) – pessoas físicas e pessoas jurídicas – janeiro de 2017 a junho de 2020 – Distrito Federal

Fonte: BCB. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Desempenho do mercado de trabalho do Distrito Federal

A capital brasileira teve aumento da taxa de desemprego na região e a perda líquida de vagas de emprego com carteira assinada. De acordo com os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF), o desemprego local passou de 19,4% para 21,6%, e poderia ter alcançado valor muito maior se não fosse o crescimento significativo do número de indivíduos que não trabalhavam e não procuraram um emprego (inativos) no DF. O aumento do desemprego veio associado a uma redução de 7,0% na massa de rendimentos reais dos assalariados locais. Os dados são corroborados pelo Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged).

Gráfico 5 – PED: Taxa de desocupação e de participação (%) – 2º trimestre de 2016 a 2º trimestre de 2020 – Distrito Federal

Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF). Convênio CODEPLAN-DIEESE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Desempenho dos preços no Distrito Federal

Pela primeira vez, o Distrito Federal registrou deflação em um 2º trimestre desde 2012. A queda de 0,40% nos preços médios praticados no mercado local foi puxada pelos Transportes (-1,09 p.p.), Vestuário (-0,03 p.p.) e Despesas pessoais (-0,02 p.p.) e só não foi maior, pois os produtos de Alimentação e bebidas (+0,37 p.p.) e de Saúde e cuidados pessoais (+0,17 p.p.) registraram alta no período. No acumulado em 12 meses, o IPCA atingiu 1,64%. O INPC, por sua vez, verificou uma deflação de 0,33% no DF no 2º trimestre e acumula alta de 1,43% em 12 meses.

Gráfico 6 – INPC e IPCA: Variação acumulada em 12 meses do nível de preços – Brasília (DF) – janeiro de 2016 a março de 2020 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

Expectativas

A recuperação econômica deve ser gradual e sentida em momentos diferentes pelos setores produtivos. O aquecimento progressivo da demanda, associado a uma elevada capacidade ociosa, deve permitir que os preços se mantenham em uma trajetória bem-comportada. A medida que o nível de atividade for crescendo, espera-se que o mercado de trabalho responda aumentando as contratações e, assim, absorva parte do excedente dos desempregados e, consequentemente, melhore o rendimento dos trabalhadores. A única certeza é que os desafios socioeconômicos ainda irão repercutir por algum tempo sobre a produção, nacional e distrital.