PNAD_especial: 98 mil pessoas estiveram afastadados de seus trabalhos em setembro no Distrito Federal

Resumo

  • Em setembro de 2020, 98 mil pessoas ocupadas se encontraram afastadas de seus trabalhos no Distrito Federal. Em agosto, eram 127 mil.
  • Dessas, 12,2% deixaram de ser remuneradas em função de seu afastamento.
  • A massa de rendimento real efetivamente recebido ficou 6,3% abaixo da massa de rendimento real habitualmente recebido em setembro de 2020. No mês anterior, a diferença havia sido de -6,4%.
  • 20,9% da população fora da força de trabalho apontou que gostaria de trabalhar, mas não procurou trabalho por conta da pandemia.

Tabela 1 – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19 – Distrito Federal e Brasil – Setembro de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.
¹ As taxas calculadas pela PNAD COVID19 são experimentais e não são compatíveis com outras pesquisas do IBGE.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19¹, o Distrito Federal apresentou, em setembro de 2020, uma taxa de desocupação de 14,1%. Apesar de expressivo, esse valor serve apenas como balizador e não é comparável com outras taxas de desemprego, como a PNADCT ou a PED/DF. Mais interessante, porém, é a desagregação da população ocupada entre aqueles que foram ou não afastados² de seus trabalhos durante o período de referência. É importante ressaltar que os indivíduos que migraram para modalidades de trabalho remoto não são considerados afastados. O Gráfico 1 traz essa decomposição para a população ocupada do Distrito Federal.

Gráfico 1 – Decomposição da população ocupada, por condição de afastamento – Distrito Federal – Setembro de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.

Entre as 1.305 mil pessoas ocupadas no DF em setembro, 98 mil (7,5%) foram afastadas de seus trabalhos. Esse valor representa o menor número de afastamentos desde o início do período contemplado pela pesquisa, em maio. Desses indivíduos, 41 mil (42,0%) apontaram o distanciamento social como o motivo de seus afastamentos.

Esse quadro de trabalhadores afastados é significante, uma vez que 12,2% dessas pessoas tiveram suas remunerações suspensas em função desse afastamento. Ainda assim, esse indicador aponta uma melhora consistente em relação aos três primeiros meses da pesquisa, quando haviam sido registrados valores de 46,1%, 25,6% e 20,5%. Esses indivíduos adentram a estatística de pessoal ocupado sem estar exercendo função remunerada, mascarando uma taxa de desocupação mais alta e prejudicando a massa de rendimento real local.

É interessante ressaltar também a evolução do número de ocupados em trabalho remoto, que apresentou retração pela primeira vez desde maio após quatro meses consecutivos de crescimento. Quando considerado conjuntamente com o aumento do número de trabalhadores ocupados não afastados no mês, esse comportamento pode indicar uma retomada de atividades presenciais por parte das empresas locais.

Uma comparação entre a massa de rendimento real habitualmente recebido e a aquela de rendimento real efetivamente recebido mostra uma diferença de -6,3% no Distrito Federal em setembro de 2020 (Gráfico 2). Essa diferença foi a décima segunda menor entre as UFs, cujo resultado mais negativo atingiu -10,8% no Rio Grande do Sul e na Bahia, e representa estabilidade em relação ao resultado de agosto da capital federal, quando foi de -6,4%. Destaca-se que todas as unidades federativas apresentaram uma melhora no indicador em relação ao mês anterior. Ainda assim, o Distrito Federal e os estados apontaram diferenças negativas em suas massas de rendimento real efetivamente recebido em relação ao habitual em setembro, ilustrando a contração no poder de consumo da população em decorrência do novo coronavírus.

Finalmente, os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho são sentidos também fora do quadro da população ocupada. Apesar das melhoras em indicadores como o número de afastados e a porcentagem de afastados que mantiveram suas remunerações, a constrição econômica resultante do distanciamento social ainda cria barreiras à entrada no mercado de trabalho.

Em setembro de 2020, das 981 mil pessoas no DF que se encontravam fora da força de trabalho, 205 mil (20,9%) apontaram que gostariam de trabalhar, mas não procuraram emprego em função da pandemia. No mês anterior, essa proporção havia sido de 22,6%. A taxa de participação local (a porcentagem de pessoas em idade de trabalha que estão dentro da força de trabalho, ou seja, procuraram emprego nos últimos trinta dias) se manteve estável entre agosto e setembro, permanecendo em 60,6%.

Gráfico 2 – Diferença entre massa de rendimento real habitual e efetivo – Unidades da Federação – Setembro de 2020

Fonte: PNAD COVID19/IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan.


¹ Em junho de 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deu início à divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios COVID19[1], com dados referentes ao mês de maio deste ano, que tem como objetivo monitorar os impactos da pandemia da COVID-19 no mercado de trabalho brasileiro. Com periodicidade mensal para todas as UFs, a PNAD COVID19 traz informações mais imediatas e focadas no efeito da pandemia sobre o mercado de trabalho do que os acompanhamentos regulares do IBGE, como a PNAD Contínua Trimestral. É importante destacar, porém, que o IBGE ainda classifica essas estatísticas como experimentais, devendo ser vistas com cautela e não diretamente comparadas às tradicionalmente divulgadas pelo Instituto.

² São considerados afastados os indivíduos que, por razões temporárias, trabalharam menos de uma hora no período de referência.