Conjuntura: No segundo trimestre de 2021, economia do DF avança 7,5%

Introdução

O cenário macroeconômico do segundo trimestre de 2021 foi marcado por forças que atuaram, simultaneamente, para estimular e inibir o crescimento econômico nacional e distrital. Os efeitos positivos vieram da atenuação das medidas de isolamento social e das restrições ao funcionamento dos estabelecimentos comerciais, bem como do avanço da campanha de vacinação e da retomada do pagamento do auxílio emergencial, que só foi retomado em abril de 2021. No sentido oposto, verificou-se a elevação da taxa de juros básica da economia brasileira, Selic, a fim de refrear o ritmo de consumo e de investimentos para segurar a escalada de preços que, por sua vez, estava corroendo o poder de compra da população brasileira.

O equilíbrio entre esses impactos é analisado na décima sétima edição do Boletim de Conjuntura do Distrito Federal, evidenciando o comportamento de economia brasileira e da distrital, por meio do Índice de Desempenho Econômico do Distrito Federal (Idecon/DF). O objetivo é garantir dados e informações pertinentes para o mercado que permitam a construção de políticas públicas eficientes e que auxiliem a sustentar o processo de recuperação econômica.

Economia do Distrito Federal

O Distrito Federal apresentou aquecimento econômico no segundo trimestre de 2021 quando comparado ao segundo trimestre do ano anterior, intensamente afetado pelas medidas de combate à pandemia à época. O resultado do indicador foi de +7,5%, maior variação trimestral na série histórica do Idecon-DF. Apesar de largo, é importante destacar que esse indicador retrata mais uma base de comparação comprimida do que um crescimento expressivo na economia local entre abril e junho de 2021.

Gráfico 1 – Nível de atividade econômica: PIB-Brasil e Idecon-DF – Trimestre em relação ao mesmo trimestre do ano anterior – 1T2017 a 2T2021 – Variação (%)

Fonte: IBGE e Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

O desempenho do Distrito Federal foi puxado pelo crescimento do setor de Serviços, que expandiu 7,4% e é a principal atividade produtiva local, e reforçado pelo da Indústria, que variou +11,2% no trimestre. Apenas a Agropecuária variou negativamente no trimestre, tendo queda de 0,8%.

Gráfico 2 – Idecon-DF: Variação Trimestral (%) por Segmentos de Atividade Econômica – Distrito Federal – Trimestre em relação ao mesmo trimestre no ano anterior – 2T2021 – Variação (%)

¹ Extrativa mineral e Eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana.
² Informação e Comunicação; Alojamento e alimentação; Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares; Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços; Educação e saúde mercantis; e Serviços domésticos; Transporte, armazenagem e correio e Atividades imobiliárias.
Fonte: Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN

Comércio e Serviços no Distrito Federal

O Distrito Federal fechou o segundo trimestre de 2021 com uma expansão acumulada em 12 meses de 2,1% em seu volume de vendas no comércio varejista ampliado. O resultado, que captura o período entre julho de 2020 e junho de 2021, aponta indícios de recuperação do comércio da capital federal após a gradual reabertura econômica local a partir do segundo semestre de 2020. Esse índice é beneficiado pela saída dos meses de abril e maio de 2020 da análise, que haviam sido duramente afetados pela pandemia no Distrito Federal.

O crescimento do comércio no segundo trimestre reflete não apenas o aumento das vendas pela reabertura e maior contratação de lojas e estabelecimentos, mas também pela recuperação do poder de compra da população com o recuo da taxa de desemprego na região. O percentual, divulgado pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do IBGE, é menor que a média nacional (7,9%) para o segundo trimestre de 2021.

Gráfico 3 – Variação acumulada em 12 meses do volume de vendas no Comércio Varejista Ampliado – (%) – Brasil e Distrito Federal – junho de 2017 a junho de 2021

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

O volume de serviços oferecidos na capital do país, em queda desde o início de 2019, apresentou uma abrupta reversão em sua trajetória recente no segundo trimestre de 2021. Semelhantemente à PMC, houve uma clara recuperação do indicador entre abril e junho de 2021, conforme os resultados dos mesmos meses do ano anterior foram sendo retirados da análise. Assim, o bom resultado dos serviços, beneficiado por uma base de comparação fraca, levou o setor a acumular uma queda de 4,7% entre julho de 2020 e junho de 2021, ante os -12,3% observados no final do trimestre anterior, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também divulgada pelo IBGE.

Gráfico 4 – Variação acumulada em 12 meses do volume de serviços – (%) – Brasil e Distrito Federal – março de 2017 a março de 2021

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Desempenho do mercado de trabalho do Distrito Federal

Os principais indicadores do mercado de trabalho do Distrito Federal evidenciam um cenário otimista e de bom desempenho das diferentes atividades econômicas realizadas na capital do país. Dessa forma, verifica-se uma trajetória sustentada de recuperação que deve se intensificar com o avanço da vacinação e com o aumento do potencial de consumo da população em função da expansão da massa de rendimentos.

O número de pessoas desocupadas no Distrito Federal foi estimado em 308 mil pessoas no segundo trimestre de 2021 pela PED/DF, apresentando um decréscimo significativo em relação aos 316 mil observados no trimestre imediatamente anterior. Mesmo com o aumento da taxa de participação para 65,0%, que indica um maior contingente de pessoas em idade ativa buscando uma colocação no mercado de trabalho, a taxa de desemprego da capital contraiu-se e ficou em 18,7%. É importante destacar que o percentual de desocupados é o menor registrado para o período no passado recente, uma vez que o resultado é inferior aos 19,4% observados no segundo trimestre de 2019 e aos 21,6% constatados no segundo trimestre de 2020. A relativa melhora pode estar associada com o avanço do programa de vacinação e o afrouxamento das restrições de funcionamento dos estabelecimentos comerciais.

Gráfico 5 – PED/DF – Taxa de desocupação e de participação (%) – 1º trimestre de 2019 ao 2º trimestre de 2021* – Distrito Federal

Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF). Convênio CODEPLAN-DIEESE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.
*Não houve divulgação da PED entre setembro de 2019 e março de 2020.

Desempenho dos preços no Distrito Federal

A inflação do Distrito Federal, mensurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 0,49% no segundo trimestre de 2021. O resultado, menor entre todas as regiões pesquisadas, pode ser em parte atribuído de forma ampla ao comportamento ameno de todos os grupos e de forma específica aos preços da Passagem aérea, que acumulam queda de 39,57% no trimestre e seguraram uma inflação maior no período. Mesmo descontando esse resultado pontual, a inflação esteve mais contida na cesta de consumo local, de forma que o índice de difusão foi de 58,7% entre abril e junho de 2021, ante os 60,9% apresentado no trimestre anterior.

O INPC fechou trimestre em 0,66%, acima do captado pelo IPCA. Essa situação, que vem sendo observada desde o segundo semestre de 2020, significa que as famílias de mais baixa renda estão enfrentando uma alta de preços mais intensa que a maior parte da população brasiliense.

Gráfico 6 – INPC e IPCA: Variação acumulada em 12 meses do nível de preços – Brasília (DF) – janeiro de 2017 a jun de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN.

A análise por quartil de renda corrobora essa constatação, apontando que as famílias locais com 25% maior renda vivenciaram uma inflação menor no período, fruto da composição da inflação no trimestre. Ainda assim, o maior resultado trimestral entre as faixas de renda foi de 0,67% (nas famílias de renda média-alta), novamente demonstrando uma inflação amena no período.

Gráfico 7 – IPCA por faixa de renda: Variação trimestral do nível de preços – Brasília (DF) – 2º trimestre de 2021 – %

Fonte: GECON/DIEPS/Codeplan com dados do IBGE.

Considerações finais

As restrições e exigências sanitárias vivenciadas pelo setor produtivo no início de 2021 perduraram no Distrito Federal ao longo do segundo trimestre do ano, com limitações operacionais sobre os estabelecimentos comerciais da capital federal e a manutenção do toque de recolher local. Mesmo diante desse cenário adverso, porém, os indicadores macroeconômicos distritais mostraram sinais de recuperação. De uma forma geral, as perspectivas são de que o avanço do programa de vacinação nacional e local produzam efeitos positivos sobre o nível de produção em ambas esferas, bem como sobre a confiança e renda das famílias, sustentando a recuperação econômica.

A economia distrital apresentou bons resultados mesmo com a manutenção das medidas de restrição comercial na capital federal. Assim, com o avanço da campanha de vacinação e a redução dessas restrições, é possível que a atividade produtiva acelere. Essa situação deve ser incrementada pela retomada das transferências monetárias diretas à população através do retorno do auxílio emergencial que, ainda que em valores menores que os praticados em 2020, produzirá um estímulo ao consumo das famílias a nível nacional e distrital.

Os indicadores do mercado de trabalho apontam uma possível redução da taxa de desemprego diante da melhora do nível de produção da economia local. Contudo, essa variação pode não ser tão intensa devido à uma visível expansão da taxa de participação, seja pela melhora das perspectivas do nível de atividade econômica, seja pelo avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19, que reduz as necessidades de isolamento social. De uma forma geral, o crescimento do emprego tem potencial de incrementar o poder aquisitivo da população e, assim, estimular a demanda agregada da região.

A leitura dos parâmetros macroeconômicos sinaliza um panorama otimista e favorável ao desenvolvimento da capital federal que, apesar de ameaçado por um conjunto de fatores de incerteza, traz perspectivas de crescimento à economia local.