1 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA
O aumento de preços do Distrito Federal foi de 1,25% em outubro de 2021, a maior variação percentual para o mês desde 2002. O percentual observado é o sexto maior entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE e igual à média nacional, que repetiu a alta de 1,25%. No acumulado em 12 meses, a alta dos preços da capital continuou a se afastar do limite superior da meta de inflação para o ano de 2021 (+5,25%) e atingiu 9,30%. Porém, o índice distrital registrado entre novembro de 2020 e outubro de 2021 manteve-se abaixo da variação de preços do Brasil (+10,67%) no mesmo período.
Gráfico 1 – IPCA – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas – outubro de 2021
Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
A maior contribuição para o resultado de outubro do DF foi do grupo dos Transportes, que acresceu 0,74 ponto percentual (p.p.) ao índice geral, representando 59,2% da variação mensal da capital. Dentre os itens analisados nessa categoria de serviços, a Passagem aérea se configurou como o principal vetor inflacionário, uma vez que a variação de +41,76% em seu preço elevou em 0,33 p.p. o IPCA do mês de referência. Igualmente, a Gasolina merece destaque por apresentar uma variação positiva de 2,67%, o que acrescentou 0,24 p.p ao índice geral. O comportamento desses itens se deve a uma combinação de fatores dentre os quais se destacam a valorização do barril do petróleo, que tem motivado sucessivos reajustes pela Petrobras no preço dos combustíveis nas refinarias, e a desvalorização do Real frente ao Dólar, que ajuda a tornar essa correção de valores mais intensa e a pressionar os custos das empresas aéreas, que possuem mais de 50% da sua estrutura indexada na moeda internacional[1]. Outro item que merece uma análise mais detalhada dentro desse grupo é o Automóvel próprio, que observou um incremento de preços de 2,41% (+ 0,11 p.p.) em outubro de 2021. Ao longo de 2021, a cadeia produtiva desse bem vem enfrentando uma escassez de componentes eletrônicos por causa da pandemia da Covid-19 e, consequentemente, uma redução na produção de automóveis novos. Assim, a diminuição da oferta tem favorecido a inflação do item.
A categoria de Alimentação e Bebidas aparece como a segunda maior contribuição do mês de outubro de 2021 para a capital federal influenciada, majoritariamente, pela variação positiva de 30,48% dos preços do Tomate, que rendeu um acréscimo de 0,07 p.p. ao IPCA. Os grupos de Despesas pessoais (+0,95% e +0,12 p.p.), Vestuário (+1,90% e +0,08 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (+0,18% e +0,02 p.p.), Artigos de residência (+0,39% e +0,01 p.p.), Educação (+0,08% e +0,01 p.p.) e Comunicação (+0,08% e +0,00 p.p.) também tiveram contribuições também positivas, porém mais amenas no mês de outubro.
Gráfico 2 – IPCA – Variação mensal (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Distrito Federal – outubro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Tabela 1 – IPCA – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações mensais, por subitem – Distrito Federal – outubro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
2 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – INPC
A inflação incidente sobre as famílias com rendimentos entre um e cinco salários mínimos, mensurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), registrou uma variação positiva de 1,01% em outubro de 2021, abaixo do valor registrado pelo IPCA (+1,25%) no mês de referência. Entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, o INPC do Distrito Federal foi a quinta menor e ficou abaixo da média nacional para o período (+1,16%). No acumulado em 12 meses, a inflação desse indicador foi de +10,05% na capital federal e de +11,08% para a média nacional.
Gráfico 3 – INPC – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas – outubro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
As contribuições dos grupos para o resultado mensal seguiram o mesmo padrão observado no IPCA, com a ressalva que os grupos de Habitação (-0,11 p.p.) e Alimentação e bebidas (+0,35 p.p.) possuem um peso mais alto na cesta do INPC, enquanto o de Transportes (+0,54 p.p.) tem uma participação menor. Assim, como a variação negativa da Energia elétrica tem maior participação no INPC e o aumento dos preços das Passagens Aéreas tem uma contribuição relativa menor, a inflação para as famílias de mais baixa renda registraram uma elevação de preços menos intensa que a maior parcela da população do DF.
Gráfico 4 – INPC – Variação mensal (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Brasília – outubro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Tabela 2 – INPC – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações mensais, por item – Distrito Federal – outubro de 2021
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
3 – IPCA POR FAIXA DE RENDA DO DISTRITO FEDERAL
Já o núcleo da inflação distrital calculado por média aparada suavizada, que desconsidera distúrbios resultantes de choque temporários normalmente associados à sazonalidade do período, apresenta uma tendência crescente, o que informa que há um processo persistente da inflação no Distrito Federal. Nos últimos 12 meses findos em outubro de 2021, esse índice alcançou +5,42%, rompendo o limite superior meta inflacionária estabelecido pelo Banco Central do Brasil (BCB) para 2021 (+5,25%). A diferença entre o núcleo (+5,42%) e o índice do IPCA (+9,33%), no que lhe diz respeito, mostra que o componente que afeta o nível de atividade no longo prazo ainda se deve a aspectos transitórios da economia distrital.
O impacto da inflação sobre as diferentes faixas de renda das famílias do Distrito Federal calculado pela Codeplan a partir dos dados divulgados pelo IBGE aponta que o quartil superior, representado pelos 25% mais ricos, enfrentaram uma alta de preços mais intensa e perceberam um incremento de 1,45% nos preços em outubro de 2021. As faixas de renda Média-alta e Média-baixa perceberam um incremento de 1,16% e 1,09%, respectivamente. Já os 25% mais pobres da capital observaram uma inflação de 0,99% na sua cesta de bens e serviços. Esse comportamento é explicado pelo fato de a Passagem aérea, principal fonte da pressão inflacionária do período, possuir peso maior na faixa de renda Alta do que nos demais quartis.
Gráfico 5 – IPCA por faixa de renda – Variação mensal (%) – Distrito Federal – outubro de 2021
Fonte: GECON/DIEPS/CODEPLAN com dados do IBGE.
4 – ÍNDICE CEASA DO DISTRITO FEDERAL
O ICDF de outubro de 2021 registrou variação positiva, 10,16%, em relação ao mês anterior. O Setor de Frutas registrou variação positiva, 10,92%, seguido do setor de Legumes, 8,98%, do Setor de Verduras, 3,89%, e do Setor de Ovos e Grãos, 2,18%. Morango, 45,97%, e para o maracujá, 22,75%, em período de entressafra na região; tomate, 49,85%, devido à influencia das chuvas em campos de produção que se encontram em final de safra e colheita, a batata lisa, 22,20%, também influenciada pelas chuvas e fim de safra na região. As temperaturas mais elevadas e a incidência de chuvas aliadas às festas de fim de ano devem exercer influência sobre a produção e o consumo de hortaliças e frutas. Ademais, os custos de produção continuam elevados.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inflação de outubro de 2021
- IPCA do DF registra inflação de +1,25% em outubro, sexto maior resultado entre as regiões pesquisadas pelo IBGE. O resultado nacional foi de +1,25%. No acumulado em 12 meses, apresenta a segunda menor inflação.
- INPC apresenta variação de +1,01%, sendo a quinta menor variação no mês. No acumulado em 12 meses, aparece como a terceira menor variação.
- A alta veio principalmente dos grupos de Transporte (+0,74 p.p.) fruto as altas de Passagem aérea (+0,33 p.p.), Gasolina (+0,24 p.p.) e Automóvel novo (+0,11 p.p.). O grupo de Alimentação e bebidas (+0,29 p.p.) também contribuiu com o resultado do mês;
- O índice de difusão no mês foi de 64,0%, com oito dos nove grupos de produtos monitorados pelo IBGE apresentando inflação em setembro.
- Entre as faixas de renda, a faixa Baixa apresentou uma inflação de 0,99% no mês, a Média-baixa de 1,09%, a Média-alta de 1,16% e a Alta de 1,45%.
Para os próximos meses
- Bandeira tarifária vermelha patamar 2 com adicional de escassez hídrica se mantém em novembro.
- Mudança na cobrança do ICMS na gasolina no Distrito Federal
- Elevação da taxa de juros Selic
[1] De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR), mais de 50% dos custos das empresas aéreas são indexados em Dólar.
