Conjuntura: atividade econômica cresce no DF e expande 8,0%

Introdução

O momento econômico é de incerteza, uma vez que há a confluência de perspectivas de expansão da atividade produtiva e de fatores que agem para mitigar esse dinamismo, principalmente devido à escassez de matérias-primas e o custo da energia. A percepção de risco deve crescer à medida que o ano eleitoral se aproxima sem uma definição política, impactando negativamente sobre as decisões de investimento. Dessa forma, tudo indica que a continuidade da melhora dos indicadores produtivos está atrelada a resolução desses entraves.

No Distrito Federal, todos os grandes setores econômicos registraram expansão, evidenciando que a atividade produtiva local continua em sua trajetória de recuperação. A melhora do mercado distrital refletiu positivamente sobre os indicadores de emprego, reduzindo o desemprego e ampliando a taxa de participação distrital. Em compensação, houve redução dos rendimentos médios e, consequentemente, da massa salarial. A contração do poder de compra dos consumidores do DF é reforçada pela pressão inflacionária, que segue tendo motivações internas e externas

Economia do Distrito Federal

O nível de atividade econômica do Distrito Federal continua se expandindo de acordo com as informações fornecidas pelo Idecon-DF, alcançando uma expansão de 8,0% no terceiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo trimestre de 2020. O bom desempenho é reflexo do progresso registrado pelo setor de Serviços, que avançou 8,3% no período analisado, e pelas atividades industriais, que cresceram 4,0%. O resultado só não foi mais expressivo, pois a Agropecuária teve queda 23,6% diante de uma produção e produtividade menores devido a fatores climáticos adversos. Ainda assim, a variação é superior a nacional, calculada em 4,0%.

Gráfico 1 – Idecon-DF: Variação Trimestral (%) por Segmentos de Atividade Econômica – Distrito Federal – Trimestre em relação ao mesmo trimestre no ano anterior – 3T2021 – Variação (%)

¹ Extrativa mineral e Eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana.
² Informação e Comunicação; Alojamento e alimentação; Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares; Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços; Educação e saúde mercantis; e Serviços domésticos; Transporte, armazenagem e correio e Atividades imobiliárias.

Fonte: Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN

Comércio e Serviços no Distrito Federal

A recuperação do comércio varejista ampliado do Distrito Federal perdeu fôlego no terceiro trimestre de 2021, apresentando quedas marginais nos meses de julho, agosto e setembro. Isso fez com que a expansão do volume de vendas acumulada em 12 meses diminuísse e fechasse o trimestre em 0,8%.

Gráfico 2 – Variação acumulada em 12 meses do volume de vendas no Comércio Varejista Ampliado – Brasil e Distrito Federal – junho de 2017 a setembro de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

O volume de serviços oferecidos na capital do país, ainda que tenha se arrefecido nos meses de julho e agosto, mostrou crescimento no acumulado em 12 meses. Assim, entre outubro de 2020 e setembro de 2021, a demanda distrital por serviços incrementou 0,6%, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), o primeiro resultado positivo desse indicador desde julho de 2019.

Gráfico 3 – Variação acumulada em 12 meses do volume de serviços – Brasil e Distrito Federal – junho de 2019 a setembro de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Desempenho dos preços no Distrito Federal

A inflação do Distrito Federal, mensurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi de 3,12% no terceiro trimestre de 2021. O resultado, quarto maior entre todas as regiões pesquisadas, pode ser atribuído ao comportamento dos Combustíveis e da Energia elétrica residencial, além de um aumento expressivo nos preços da Passagem aérea. Apenas o grupo de Saúde e cuidados pessoais apresentou queda no período (-0,84%). A inflação esteve presente de forma generalizada na cesta de consumo local, com oito dos nove grupos apresenta altas em seus preços, de forma que o índice de difusão foi de 61,0% entre julho e setembro de 2021.

Gráfico 4 – IPCA: Variação trimestral em relação ao trimestre anterior, por grandes grupos – Brasil e Distrito Federal – 3º trimestre de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

No acumulado em 12 meses, INPC encerrou o mês de setembro em 10,08%, valor acima do registrado pelo índice amplo, estimado em 9,06%. Essa situação mostra que as famílias de mais baixa renda estão enfrentando uma alta de preços mais intensa que a maior parte da população brasiliense.

Gráfico 5 – INPC e IPCA: Variação acumulada em 12 meses do nível de preços – Brasília (DF) – janeiro de 2018 a setembro de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

A análise por quartil de renda corrobora essa constatação. As famílias locais de 25% maior renda apresentaram uma inflação de +3,10%. Já as demais faixas apresentaram índices acima do apontado pelo IPCA, com variação de +3,21% nos preços da cesta das famílias de renda média-alta, +3,59% entre as de renda média-baixa e +3,56% entre as famílias de 25% menor renda da capital federal.

Gráfico 6 – IPCA por faixa de renda: Variação trimestral do nível de preços – Brasília (DF) – 3º trimestre de 2021 – %

Fonte: GECON/DIEPS/Codeplan com dados do IBGE

Desempenho do mercado de trabalho do Distrito Federal

Os principais indicadores do mercado de trabalho do Distrito Federal evidenciam um cenário otimista e de bom desempenho das diferentes atividades econômicas realizadas na capital do país. A Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF) calculou em 17,7% a taxa de desemprego, estimando em 297 mil o contingente de desocupados no terceiro trimestre de 2021. Esses números representam uma redução do número de desempregados e da taxa de desemprego quando comparado a outros trimestres deste ano ou do ano passado.

Gráfico 7– PED/DF – Taxa de desocupação e de participação (%) – 1º trimestre de 2019 ao 3º trimestre de 2021* – Distrito Federal

*Não houve divulgação da PED entre setembro de 2019 e março de 2020.
Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF). Convênio CODEPLAN-DIEESE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Considerações finais

O desempenho da economia nacional veio abaixo do esperado, o que aumentou a percepção de risco. Porém, existem fatores que estão atuando para suscitar expectativas positivas sobre o nível de atividade, preços e mercado de trabalho. A chegada das datas comemorativas do quarto trimestre deve estimular a produção local, bem como a contratação de trabalhadores para atender à demanda adicional de fim de ano. No cenário externo, vislumbra-se uma possível reversão do ciclo de valorização das commodities, que deve atuar para conter, ainda que parcialmente, a inflação e colaborar para resguardar o potencial de consumo dos indivíduos.

Nesse cenário, a economia distrital deve apresentar aceleração econômica de forma a manter um resultado superior ao nacional. Uma projeção baseada no comportamento histórico do Idecon-DF aponta um crescimento de 6,3% no índice acumulado em quatro trimestres no final de 2021, enquanto o mercado informa um crescimento de 4,86% para o Brasil.

No que diz respeito aos preços, a alta da cotação das commodities agrícolas, metálicas e energéticas, a desvalorização do Real, a crise hídrica brasileira e a falta de insumos para abastecer as cadeias produtivas internacionais contribuíram para a elevada inflação vivenciada pela capital federal e pelo país. As estimativas apontam que o Distrito Federal deve encerrar o ano com inflação acumulada de 9,39% em 2021, obtendo um resultado abaixo da nacional (+10,04%).

Por fim, o mercado de trabalho deve seguir em seu processo de recuperação, liderado pelo setor de Serviços. Um modelo de vetor autorregressivo entre o PIB brasileiro e a taxa de desemprego distrital estima uma taxa de 17,4% no final de 2021, abaixo dos 17,7% observados no terceiro trimestre de 2021.

Assim, avalia-se que as perspectivas econômicas sinalizam um panorama otimista para a economia no último trimestre de 2021 que devem resultar em crescimento da atividade produtiva, aumento do emprego e leve elevação dos preços praticados no mercado distrital. Para 2022, porém, ainda que haja parâmetros favoráveis ao desenvolvimento econômico, há elevada incerteza e percepção de risco na construção de um cenário positivo.