1 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA
A inflação do Distrito Federal ficou em 1,41% em março de 2022, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação observada, apesar de elevada e de indicar uma aceleração do ritmo de aumento de preços na capital federal em relação ao mês anterior (0,93%), é menor que a registrada no mesmo mês de 2021 (1,44%). Comparativamente às demais regiões, o DF apresentou a segunda menor variação mensal e um índice inferior à média nacional (1,62%). No acumulado em 12 meses, a alta dos preços da capital está em 9,53% e continua acima do teto da meta de inflação para o ano de 2022 (+5,00%), porém abaixo do percentual brasileiro (+11,30%) calculado para o período de abril de 2021 a março de 2022.
Gráfico 1 – IPCA – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas – março de 2022
Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Dos nove grupos de bens e serviços acompanhados pelo IBGE na capital federal, oito verificaram aumento de preços. O grupo de maior contribuição para o resultado no mês foi o Transportes que, depois de três meses consecutivos de queda, voltou a registrar variação positiva nos seus preços. Em março de 2022, esse grupo teve alta de 3,25%, o que acresceu 0,79 ponto percentual (p.p.) ao índice da inflação distrital. O comportamento do grupo pode ser explicado, principalmente, pelo reajuste dos preços dos combustíveis pela Petrobras diante da elevação de 20,7% na cotação do barril de petróleo[1] no mercado internacional apenas entre fevereiro e março de 2022. A variação só não foi mais intensa, em parte, pela desvalorização de 4,4% no câmbio no mesmo período. Assim, a Gasolina observou elevação de 6,95% (0,63 p.p.) e o Óleo diesel, de 12,19% (0,05 p.p.).
Vale mencionar que outros itens desse grupo também se destacaram entre os itens com maior contribuição para a inflação mensal, como é o caso do Seguro voluntário de veículo (10,15% e 0,14 p.p.) possivelmente em função da valorização dos carros usados. Em compensação, a retração nos preços das Passagens aéreas (-13,23% e -0,12 p.p.) ajudou que a variação dos Transportes não fosse ainda maior.
Gráfico 2 – IPCA – Variação mensal (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Distrito Federal – março de 2022
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
A pressão inflacionária também esteve focada no grupo de Alimentação e bebidas, que percebeu um acréscimo de 2,22% e contribuiu com 0,37 p.p. para o índice geral de março de 2022. O comportamento dos preços esteve associado, entre outros fatores, com a alta em itens como Tomate (18,45% e 0,05 p.p.) e Frutas (8,02% e 0,07 p.p.) no Distrito Federal. Já as Carnes retraíram 0,95% e reduziram em 0,02 p.p. o IPCA do mês.
Tabela 1 – IPCA – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações mensais, por subitem – Distrito Federal – março de 2022
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
2 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – INPC
Considerando a inflação incidente sobre as famílias com rendimentos entre um e cinco salários mínimos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou uma variação positiva de 1,46% em março de 2022. O resultado mostra uma variação superior a indicada pelo IPCA (+1,41%) no mês, o que evidencia um impacto mais intenso sobre os indivíduos de mais baixa renda. Entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, o aumento dos preços na capital federal é o segundo menor e inferior ao índice do Brasil, calculado em 1,71%. No acumulado entre abril de 2021 e março de 2022, a inflação distrital ficou em 10,26% e a nacional em 11,73%.
Gráfico 3 – INPC – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas –
março de 2022
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
As contribuições positivas para o índice vieram dos grupos de Transportes (+3,28% e +0,81 p.p.), Alimentação e bebidas (+2,07% e +0,43 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (+1,08% e +0,09 p.p.), Vestuário (+1,78% e +0,07 p.p.), Despesas pessoais (+0,64% e +0,05 p.p.), Comunicação (+0,13% e +0,01 p.p.) e Artigos de residência (+0,18% e +0,01 p.p.). Já os grupos de Educação (-0,07% e 0 p.p.) e Habitação (-0,0% e -0,01 p.p.) auxiliaram que a inflação mensurada pelo INPC não fosse ainda maior. Assim, dos nove grupos acompanhados pelo IBGE, sete apresentaram incremento de preços em março de 2022.
Gráfico 4 – INPC – Variação mensal (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Brasília – março de 2022
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
Tabela 2 – INPC – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações mensais, por subitem – Distrito Federal – março de 2022
Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre
3 – IPCA POR FAIXA DE RENDA DO DISTRITO FEDERAL
Detalhando o comportamento da inflação por faixas de renda, a Codeplan estima o aumento de preços para quatro diferentes grupos de renda do DF e mostra que os 25% mais ricos perceberam um incremento de preços de 1,46%, enquanto os 25% mais pobres esse valor de 1,54%. A centralização da pressão inflacionária nos itens de alimentação e a deflação em serviços de passagens aéreas explica, em parte, esse comportamento, uma vez que o primeiro grupo possui peso maior na cesta de consumo das famílias de baixa renda comparativamente aos demais estratos sociais pesquisados, e o segundo, menor.
Gráfico 5 – IPCA por faixa de renda – Variação mensal (%) – Distrito Federal – março de 2022
Fonte: GECON/DIEPS/CODEPLAN com dados do IBGE.
4 – ÍNDICE CEASA DO DISTRITO FEDERAL
O ICDF de março de 2022 registrou variação positiva, 1,25%, em relação ao mês anterior. O Setor de Frutas variou positivamente, 3,03%, assim como o Setor de Verduras, 1,42%, e o Setor de Ovos e Grãos, 7,93%.
Porém, o Setor de legumes variou negativamente, (-2,44%). Com destaque para mamão Hawai, 66,77%, e para melão, 15,94%, em baixa oferta; batata lisa, (-20,42%), devido a recuperação da oferta com o clima favorável para a colheita durante o mês; espinafre, 52,17%, e agrião, 20%, sob efeitos das chuvas recentes e calor; ovo branco, 12,37%, com maior demanda no mês.
As temperaturas mais elevadas e a incidência de chuvas devem continuar exercendo influência sobre a produção na região e as incertezas aumentam com as restrições comerciais de fertilizantes impostas mediante conflitos geopolíticos.
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inflação de março de 2022
- IPCA do DF registra inflação de +1,41% em março, segundo menor resultado entre as regiões pesquisadas pelo IBGE (atrás de Rio Branco – AC). O resultado nacional foi de +1,62%. No acumulado em 12 meses, apresenta também a segunda menor inflação, com variação de +9,53%;
- INPC apresenta variação de +1,46%, sendo novamente a segunda menor variação no mês (atrás de Belém – PA). No acumulado em 12 meses (+10,26%), se mantém na mesma posição;
- A alta do IPCA no mês veio predominantemente dos grupos de Transportes (+0,81 p.p.) e de Alimentação e bebidas (+0,43 p.p.).
- O índice de difusão foi de 68,9%, com oito dos nove grupos de produtos monitorados pelo IBGE apresentando alta em seus preços no mês;
- Entre as faixas de renda, a faixa Baixa apresentou uma inflação de 1,54% no mês, a Média-baixa de 1,69%, a Média-alta de 1,76% e a Alta de 1,46%.
Para o próximo mês
- Reajuste de até 10,89% nos preços dos remédios;
- Redução da bandeira tarifária de energia elétrica de escassez hídrica para verde;
- Expectativa de sazonalidade para abril para itens de Saúde e cuidados pessoais.
[1] Preço por barril do petróleo bruto tipo Brent. Produzido no Mar do Norte (Europa), Brent é uma classe de petróleo bruto que serve como benchmark para o preço internacional de diferentes tipos de petróleo. Neste caso, é valorado no chamado preço FOB (free on board), que não inclui despesa de frete e seguro no preço.
