IPCA – INPC: Inflação de janeiro no DF é de 0,49%

1 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO – IPCA

Os preços praticados no Distrito Federal perceberam um aumento de 0,49% em janeiro de 2022, o maior percentual registrado para o mês desde janeiro de 2017 (0,77%), e evidenciaram uma aceleração da inflação na capital. Entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, a capital federal apresentou a quarta menor variação. O resultado também ficou abaixo da variação calculada para o Brasil (0,56%). No acumulado em 12 meses, a alta dos preços da capital está em 9,83% e continua acima do teto da meta de inflação para o ano de 2022 (+5,00%), porém abaixo do percentual brasileiro (+10,38%).

Gráfico 1 – IPCA – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas – janeiro de 2022

Fonte: IBGE. Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre

O grupo de maior contribuição para o resultado de janeiro do DF foi do grupo dos Alimentos e bebidas, cuja variação de 1,33% foi responsável por acrescer 0,22 ponto percentual (p.p.) ao IPCA do mês. Isso se deveu, principalmente, ao comportamento dos preços de Alimentação fora do domicílio (+0,05 p.p.) e em Tubérculos, raízes e legumes (+0,04 p.p.), onde as maiores variações foram notadas em produtos como a Cenoura (40,17%), o Alface (9,95%) e o Pimentão (9,89%) devido aos problemas climáticos sofridos no início do ano. Habitação, com alta de 1,10% e contribuição de 0,15 p.p., foi o segundo grupo de maior contribuição ao índice geral. Nesse grupo, influenciou as altas percebidas em importantes subitens como a Energia elétrica residencial (+0,07 p.p.), o Aluguel residencial (+0,04 p.p.) e o Gás de botijão (+0,02 p.p.). Vale mencionar que a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) deve manter a bandeira tarifária de escassez hídrica até abril de 2022.

Os Transportes (-0,25% ou -0,06 p.p.), um dos principais focos da pressão inflacionária ao longo de 2021, colaborou para que a variação dos preços em janeiro de 2022 não fosse ainda maior. É a segunda variação negativa consecutiva verificada por esse grupo na capital federal. O comportamento do grupo é explicado, em parte, pela queda observada nos Combustíveis (-1,91% ou -0,19 p.p.), em função da deflação na Gasolina (-2,01% ou -0,19 p.p.) e no Etanol (-3,99% e -0,01 p.p.), e nos preços da Passagem aérea (-14,37 % ou -0,16 p.p.). A redução do preço da gasolina, de acordo com previsão do mercado¹, deve apresentar redução no primeiro trimestre de 2022 por causa de expectativas de estabilidade no câmbio. O grupo de Vestuário também contribuiu para reduzir em 0,02 p.p. o IPCA do mês.

Gráfico 2 – IPCA – Variação acumulada no ano (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Distrito Federal – janeiro de 2022

Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre

Importante mencionar, no entanto, que, entre os subitens, as maiores contribuições para elevar o índice geral de janeiro de 2022 também pertencem ao grupo de transportes. Esse é o caso de Automóvel novo (+2,19% ou +0,10 p.p.), ainda sofrendo os efeitos da pandemia sobre a cadeia produtiva desse bem que resultou na escassez de componentes eletrônicos e, consequentemente, uma redução na produção de automóveis novos, e Seguro voluntário de veículo (+7,34% ou + 0,09 p.p.). A terceira maior contribuição, por sua vez, veio da Energia elétrica residencial (+2,13% ou +0,07 p.p.).

Tabela 1 – IPCA – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações acumuladas no ano, por subitem – Distrito Federal – janeiro de 2022

Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre

2 – ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR – INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador que mede a inflação incidente sobre as famílias com rendimentos entre um e cinco salários mínimos, registrou uma variação positiva de 0,66% em janeiro de 2022, superando a variação observada pelo IPCA (+0,49%) no mês de referência. O percentual verificado entre as regiões pesquisadas pelo IBGE, a magnitude de aumento dos preços na capital federal é a sétima menor e, novamente, ficou próxima da média nacional (+0,67%). No acumulado em 12 meses, a inflação desse indicador foi de +10,45% na capital federal e de +10,60% para a média nacional.

Gráfico 3 – INPC – Variação mensal e acumulada em 12 meses (%) – Brasil e Regiões Pesquisadas – janeiro de 2022

Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre

Dos nove grupos acompanhados pelo IBGE, sete apresentaram variação positiva, colaborando para elevar os preços na capital federal. As maiores contribuições ficaram a cargo do grupo de Alimentação e bebidas (+0,24 p.p.) e de Habitação (+0,23 p.p.). Os demais grupos com alta foram Artigos de residência (+0,09 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (+0,06 p.p.), Despesas pessoais (+0,05 p.p.) e Comunicação (+0,02 p.p.), enquanto Educação (+0,07% ou 0,00 p.p.) teve uma variação positiva, porém contribuição nula. Transportes (-0,03 p.p.) e Vestuário (-0,03 p.p.), por sua vez, foram os únicos que atuaram para atenuar a intensidade da inflação em janeiro.

Gráfico 4 – INPC – Variação acumulada no ano (%) e contribuição (p.p.), por grupo – Brasília – janeiro de 2022

Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre

Tabela 2 – INPC – 10 maiores contribuições positivas (azul) e negativas (laranja) e suas respectivas variações acumuladas no ano, por item – Distrito Federal – janeiro de 2022

Fonte: IBGE/ Elaboração: Codeplan/Gecon-Nupre

3 – IPCA POR FAIXA DE RENDA DO DISTRITO FEDERAL

A composição da pressão inflacionária afeta de formas diferentes os estratos sociais da capital federal. Por isso, a Codeplan passou a estimar, a partir dos dados divulgados pelo IBGE, o impacto do aumento dos preços sobre as diferentes faixas de renda das famílias² do Distrito Federal. Com base nesse indicador, foi possível identificar que os 25% mais ricos do DF, enfrentaram uma alta de preços menos intensa, com um incremento de apenas 0,10% em janeiro de 2022. Isso porque essa faixa tem uma participação mais elevada em sua cesta de consumo da Passagem aérea, principal fonte de deflação no mês corrente. As faixas de renda Média-baixa e Média-alta tiveram inflações de 0,44% e 0,34%, respectivamente. Já os 25% de mais baixa renda da capital observaram o maior percentual de incremento de preços (+0,56%) na sua cesta de bens e serviços.

Gráfico 5 – IPCA por faixa de renda – Variação acumulada no ano (%) – Distrito Federal – janeiro de 2022

Fonte: GECON/DIEPS/CODEPLAN com dados do IBGE.

5 –  ÍNDICE CEASA DO DISTRITO FEDERAL

O ICDF de janeiro de 2022 registrou variação positiva, 5,59%, em relação ao mês anterior. O Setor de Legumes foi o que mais variou positivamente, 15,12%, seguido pelo Setor de Verduras, 8,25%, e do Setor de Frutas, 2,07%. Porém, o Setor de Ovos e Grãos variou negativamente, (-5,09%).

Temperaturas elevadas e maior incidência de chuvas seguem influenciando a produção e a oferta. Esse é o caso das verduras folhosas, do limão tahiti, 21,83% e diversos outros produtos como, jiló, 51,39%, chuchu, 49,68%, cenoura, 46,19%, e berinjela, 42,94%, que também tiveram sua área de produção. cebola nacional, 10,94%, e a batata lisa, 13,27%, também se mantiveram em alta devido aos custos com fretes.

O clima tende a seguir relevante para a manutenção de preços elevados e o registro de demanda externa (Chile) por limão, reforça essa tendência para tal produto. 

5 –  CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inflação de janeiro de 2022

  • IPCA do DF registra inflação de +0,49% em janeiro, quarto menor resultado entre as regiões pesquisadas pelo IBGE. O resultado nacional foi de +0,54%. No acumulado em 12 meses, apresenta a terceira menor inflação, com +9,83%;
  • INPC apresenta variação de +0,66%, sendo a sétima menor variação no mês. No acumulado em 12 meses (+10,45%), permanece na mesma colocação;
  • A alta do IPCA no ano veio principalmente dos grupos de Alimentação e bebidas
    (+0,22 p.p.) e Habitação (+0,15 p.p.). Os Transportes (-0,06 p.p.) seguraram uma maior alta no mês, impulsionados por uma queda de 2,01% no preço da Gasolina (-0,19 p.p.) e de 14,37% na Passagem aérea (-0,16 p.p.).
  • O índice de difusão no mês foi de 64,9%, com sete dos nove grupos de produtos monitorados pelo IBGE apresentando alta em seus preços em janeiro;
  • Entre as faixas de renda, a faixa Baixa apresentou uma inflação de 9,05% no ano, a Média-baixa de 10,70%, a Média-alta de 10,42% e a Alta de 9,94%.

Para os próximos meses

  • Instabilidade política e incerteza quantos as reformas fiscal e administrativa;
  • Possibilidade de aumento da taxa de juros dos Estados Unidos;
  • Elevação da taxa de juros, Selic, com possibilidade de manutenção do câmbio e desestímulo ao crescimento econômico.

¹ Levantamento realizado pela ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas.

² A partir de janeiro de 2021, a Codeplan passou a elaborar e divulgar a inflação distrital para cada quartil de renda. Para mais informações, o estudo completo pode ser encontrado em: http://conjunturaeconomica.ipe.df.gov.br/2021/ 02/09/ipca_especial-divulgacao-do-ipca-por-faixa-de-renda-do-df/