Conjuntura: Economia do DF cresceu 3,6% em 2021

Introdução

O desempenho da economia brasileira surpreendeu as expectativas de uma recuperação lenta diante da persistência da pandemia e cresceu 3,6% em 2021. Conforme as medidas restritivas ao funcionamento dos estabelecimentos comerciais e à circulação de pessoas foram sendo flexibilizadas, as atividades produtivas tornaram-se mais dinâmicas, o que repercutiu positivamente sobre o mercado de trabalho e sobre o nível de consumo. Com a retomada do pagamento do auxílio emergencial em abril de 2021, ainda que em um valor mais modesto, esse processo foi reforçado. Contudo, alguns fatores pontuais atrapalharam uma expansão mais intensa. A existência de uma massa de desempregados expressiva motivou a queda dos rendimentos médios dos ocupados, enquanto a manutenção de uma elevada inflação ajudou a corroer o poder de compra da população.

Assim, a economia do Distrito Federal observou uma expansão de 3,6% em 2021. Com a flexibilização das medidas adotadas para combater a disseminação da Covid-19, os setores produtivos atingidos, direta ou indiretamente, pelas ações passaram a apresentar um comportamento mais dinâmico e influenciaram positivamente a oferta, enquanto o avanço da vacinação e a recuperação do mercado de trabalho repercutiram positivamente sobre a demanda. Dessa forma, a economia distrital tornou-se mais dinâmica e verificou avanço em todos os trimestres do ano. A expansão observada, apesar de ter ficado 1 ponto percentual (p.p.) abaixo do resultado nacional (4,6%), renovou o recorde de maior variação acumulada em quatro trimestres desde o início da série do indicador em 2012.

Economia do Distrito Federal

A economia distrital continuou em sua trajetória de crescimento e apresentou alta de 3,0% no quarto trimestre de 2021 em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, com o Idecon-DF registrando quatro altas consecutivas nessa base de comparação. Além disso, o resultado da capital federal foi quase o dobro do percentual observado para a economia brasileira no mesmo período (1,6%). Com isso, é possível afirmar que o menor nível de restrição imposto às atividades produtivas locais, bem como a maior circulação das pessoas, propiciaram um desempenho mais dinâmico da oferta e da demanda que, consequentemente, favoreceu a economia distrital.

Gráfico 1 – Idecon-DF: Variação Trimestral (%) por Segmentos de Atividade Econômica – Distrito Federal – Trimestre em relação ao mesmo trimestre no ano anterior – 4T2021 – Variação (%)

¹ Extrativa mineral e Eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana.
² Informação e Comunicação; Alojamento e alimentação; Atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares; Artes, cultura, esporte e recreação e outras atividades de serviços; Educação e saúde mercantis; e Serviços domésticos; Transporte, armazenagem e correio e Atividades imobiliárias.

Fonte: Codeplan. Elaboração: GECON/DIEPS/CODEPLAN

Comércio e Serviços no Distrito Federal

O ímpeto do comércio varejista ampliado esteve acelerado durante o primeiro semestre de 2021, porém perdeu sustentação a partir de julho e inverteu sua trajetória, iniciando uma tendência de queda que se manteve até o fim do ano. A dinâmica observada entre as intensidades de ganhos e perdas fez com que o volume de vendas acumulada em 12 meses, no Distrito Federal, registrasse um decréscimo de 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Gráfico 2 – Variação acumulada em 12 meses do volume de vendas no Comércio Varejista Ampliado – Brasil e Distrito Federal – janeiro de 2019 a dezembro de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Já no setor de serviços, o processo de flexibilização das restrições ao funcionamento dos estabelecimentos comerciais, o progresso da vacinação e o arrefecimento da pandemia, criaram uma atmosfera propícia ao desenvolvimento de atividades produtivas. Assim, o volume de serviços sustentou sua trajetória de crescimento no último trimestre de 2021. No Distrito Federal, o resultado denota uma aceleração na procura pelos serviços de forma que, no acumulado em 12 meses, a variação positiva aumentou em 7,4 pontos percentuais (p.p.) entre o terceiro e o quarto trimestre do ano. No Brasil, essa expansão foi mais comedida e calculada em 4,1 p.p., porém a variação média nacional do volume de serviços (+10,9%) é superior à distrital (+8,0%).

Gráfico 3 – Variação acumulada em 12 meses do volume de serviços – Brasil e Distrito Federal – janeiro de 2019 a dezembro de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Desempenho dos preços no Distrito Federal

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) revelou uma inflação de 2,77% no Distrito Federal no quarto trimestre de 2021, percentual que demonstra uma desaceleração do ritmo de crescimento dos preços no mercado local. Porém, numa perspectiva histórica, essa inflação foi a mais alta para o período desde 2015. Entre as regiões pesquisadas, a capital federal apresentou o quarto menor resultado. No período, seis dos nove grupos acompanhados registraram alta de preços, padrão que resultou em um índice de difusão de 67,3%.

A pressão inflacionária esteve centrada, principalmente, no grupo de Transporte, refletindo o comportamento dos preços dos Combustíveis (veículos), em função das altas verificadas na Gasolina; do Transporte público, em parte atribuído ao preço da Passagem aérea; e Veículo próprio, diante do aumento percebido nos automóveis novos.

Gráfico 4 – IPCA: Variação trimestral em relação ao trimestre anterior, por grandes grupos – Brasil e Distrito Federal – 4º trimestre de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

No acumulado em 12 meses, INPC encerrou o ano de 2021 em 9,83%, valor acima do registrado pelo índice amplo, estimado em 9,34%. Essa situação mostra que as famílias de mais baixa renda estão enfrentando uma alta de preços mais intensa que a maior parte da população brasiliense.

Gráfico 5 – INPC e IPCA: Variação acumulada em 12 meses do nível de preços – Brasília (DF) – janeiro de 2018 a dezembro de 2021 – %

Fonte: IBGE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Já a análise por quartil de renda aponta que as famílias locais de 25% menor renda apresentaram uma inflação de +9,05%. Já as demais faixas apresentaram índices acima do apontado pelo IPCA, com variação de +9,94% nos preços da cesta das famílias de renda alta, +10,42% entre as de renda média-alta e +10,70% entre as famílias de média-baixa renda da capital federal.

Gráfico 6 – IPCA por faixa de renda: Variação acumulada em 12 meses do nível de preços – Brasília (DF) – 4º trimestre de 2021 – %

Fonte: GECON/DIEPS/Codeplan com dados do IBGE

Desempenho do mercado de trabalho do Distrito Federal

Os principais indicadores do mercado de trabalho do Distrito Federal evidenciam um cenário otimista e de bom desempenho das diferentes atividades econômicas realizadas na capital do país. A Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF) calculou em 15,9% a taxa de desemprego, estimando em 263 mil o contingente de desocupados no final 2021. Esses números representam o menor valor registrado para a capital federal desde janeiro de 2016, quando foi a taxa foi de 15,6%

Gráfico 7– PED/DF – Taxa de desocupação e de participação (%) – 1º trimestre de 2019 ao 4º trimestre de 2021* – Distrito Federal

*Não houve divulgação da PED entre setembro de 2019 e março de 2020.
Fonte: Pesquisa de Emprego e Desemprego no Distrito Federal (PED/DF). Convênio CODEPLAN-DIEESE. Elaboração: GECON/DIEPS/Codeplan

Considerações finais

O ano de 2021 foi marcado por uma economia menos restrita perante as medidas de distanciamento social que vigoraram no ano anterior e que precisaram ser retomadas durante o primeiro semestre de 2021 para conter a segunda onda de contágio da Covid-19. Grande parte dos estabelecimentos comerciais operaram em horários regulares, embora ainda com algumas limitações de lotação, e eventos puderam ser realizados desde que respeitadas as regras sanitárias vigentes. Esse cenário, associado ao avanço da vacinação da população do Distrito Federal, beneficiou o nível de atividade produtiva, que produziu resultados superiores aos verificados no mesmo período do ano anterior. Assim, apesar da inflação elevada e sustentada, o quarto trimestre de 2021 se encerrou com uma aceleração da atividade econômica distrital e a menor taxa de desemprego desde 2015.

O desempenho econômico a nível nacional seguiu uma trajetória semelhante. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou um crescimento de 4,6%, ligeiramente acima dos 4,5% projetados pelos agentes do mercado, e uma criação recorde de empregos no ano que levou a taxa de desemprego ao mesmo patamar do final de 2019, período anterior à pandemia no país.

Ainda assim, existem importantes fatores que estão atuando para resguardar as perspectivas sobre o nível de atividade, preços e mercado de trabalho ao longo do próximo ano. A persistência da inflação no país e a queda do rendimento médio dos trabalhadores estão atuando para diminuir o potencial de consumo das famílias e prejudicar o crescimento do país. Fatores externos também desempenharão papel relevante no processo de formação de expectativas como, por exemplo, o recente conflito armado entre Rússia e Ucrânia. As instabilidades do mercado internacional podem prejudicar as transações comerciais e propiciar um cenário ainda mais inflacionário.

Assim, avalia-se que as perspectivas econômicas sinalizam um panorama de avanço no mercado de trabalho e do índice de preços tanto no cenário nacional quanto no do Distrito Federal no próximo ano. Contudo, as fortes incertezas internas e externas devem desacelerar o ritmo de crescimento econômico observado em 2021, o que leva a uma maior cautela na construção de expectativas para o desempenho do PIB brasileiro e da atividade econômica da capital federal.